sábado, 11 de julho de 2009

Mídia em Honduras, mídia no Irã...

Reproduzo aqui um artigo publicado no Observatório da Imprensa que discute o acesso à internet e a repercussão das eleições iranianas e o golpe hondurenho nesta mídia...


GOLPE EM HONDURAS
A contra-web-revolução

Por Rafael Duarte Oliveira Venancio em 7/7/2009


Junto com a mobilização midiática, especialmente na internet, proporcionada pela Revolução Verde do Irã, ocorria em Honduras um golpe de Estado contra o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya. Não demorou muito para as comparações serem feitas, sempre na visão de que o heroísmo internético do Irã e o silêncio em Honduras foram construídos pelos grandes conglomerados da mídia internacional.

Novamente, o objetivo aqui não é tomar partido de nenhuma das duas correntes, mas analisar, em breves linhas, a alegada falta de impacto midiático, especialmente no meio digital, que os manifestantes pró-Zelaya proporcionam, inclusive para nós, brasileiros, vizinhos do país centro-americano.

Podemos começar com uma pergunta: "Por que a internet foi arma midiática nas mãos dos iranianos e não a foi nas mãos dos hondurenhos?". Um esboço de resposta simples começa no fato do contraste acerca do acesso à internet dos dois países.

No Irã, segundo dados da consultoria Atieh Bahar, de 2008, há 18 milhões de usuários da internet (quase 25% da população) e, em 2009, o governo australiano identificou mais de 1500 provedores de internet iranianos. Já em Honduras, há 400 mil usuários de internet (quase 6% da população) e 100 provedores.

Ora, seria difícil para um pequeno país da América Central com pouco acesso – e pouco incentivo ao acesso também – digital galgar um movimento amplo de mobilização via internet, tal como Irã. Outro fator crucial foi o fato de existirem muitos imigrantes iranianos na Europa Central e em países vizinhos, possibilitando uma ajuda na disseminação da informação driblando a censura oficial via proxy.

Multidão: jornalista ou testemunha?

Sem a visibilidade midiática adequada, os manifestantes pró-Zelaya se tornam, segundo a leitura de muitos, meros prisioneiros-espectadores do destino político de seu país. Aqui, nessa visão, a multidão é testemunha sufocada, aprisionada e alienada de seu direito de expressão. Sem dúvida, essa visão está correta. No entanto, por que isso acontece?

Em Honduras, encontramos um modelo de comunicação social extremamente baseado no velho broadcasting. Ou seja, poucos meios de comunicação de massa – impressos, rádio e TV – são os únicos pólos de emissão para uma ampla audiência. Essa constituição extremamente verticalizada facilita a censura.

Aliás, informações de censura é o que exatamente recebemos de fontes independentes de notícias. Em 29 de junho, algumas estações foram impedidas de transmitir pelo novo governo central. Até mesmo a CNN em espanhol não teve o seu sinal permitido pelos militares. O que restou foram apenas veículos amigáveis aos contra-Zelaya, que pedem insistentemente à população que deixem de protestar e que continuem a sua rotina normal.

Possibilidade emancipadora da internet

Ora, se Honduras possuísse uma disseminação de informação mais horizontalizada, tal aquela proporcionada por um amplo acesso à internet, o rumo midiático poderia tomar outra direção, inclusive na cobertura brasileira. Quanto mais horizontalizado o sistema de comunicação social, mais difícil censurá-lo e mais fácil de apurar os diversos lados da notícia.

Quando falamos que, na internet, a multidão pode ser jornalista, nos pautamos por uma simples diferenciação. No meio digital, todos podem escrever, todos podem ser blanquis de suas causas. Ora, tal como o velho revolucionário socialista que acreditava que precisava apenas de um pequeno grupo determinado e armado para tomar o poder francês, os internautas parecem dispor de todos os recursos para reportar eles mesmos a sua realidade. O monitor e o teclado viraram a faca e o queijo na mão digital.

O acesso à internet tem que ser tratado como crucial dentro dos direitos à liberdade de expressão. Muito modismo corre na rede, incluindo flashmobs inúteis, no entanto, seria muito enriquecedor ver os hondurenhos saírem da contra-web-revolução posta em marcha muito antes do golpe de Estado contra Zelaya. Com certeza, a revolução pela liberdade e igualdade dos direitos à comunicação não será televisionada, mas poderá ser interneticamente falada.

domingo, 5 de julho de 2009

Da garagem para o mundo...virtual

Natália Rodrigues

Com tantas facilidades de se divulgar uma banda na internet, o grande desafio para os apreciadores de música, que passam as tardes ociosas em busca de algo interessante na rede, é realizar a “garimpagem musical”, que consiste em separar os aspirantes a rockstar munidos, simplesmente, de um instrumento musical e muita vontade de ficar famosos, daqueles que, além disso, possuem algum talento e originalidade.

As bandas que antes se limitavam às garagens – e a ocasional festinha entre amigos – encontram no mundo virtual um espaço para mostrarem seu trabalho. Mas não era só a falta de oportunidade que prendia muitas dessas bandas à garagem. A falta de talento era também um fator determinante, e essa carência a internet não pode suprir.

O espaço virtual democrático – que abriga tantas outras bizarrices da sonhada “inclusão digital” – criou, no mundo da música, uma dificuldade para o surgimento de grandes bandas. Na verdade não se trata exatamente do “surgimento” dessas bandas. Elas, de fato, podem já existir, o difícil é encontrá-las no meio de tantas outras.

Algumas bandas conseguiram, sim, “estourar” na internet e atingir os meios mainstream de sucesso. Um exemplo – que não poderia ser outro – são os ingleses do Arctic Monkeys, que disponibilizaram suas músicas na rede e já eram febre quando finalmente lançaram o cd, alcançando o topo das paradas britânicas.

Sites como o myspace (www.myspace.com) estão lotados de novidades musicais. Mas não são apenas músicos iniciantes que se utilizam destes sites como um meio acessível para divulgar seu trabalho, bandas consagradas também aderiram à nova tendência e lançam suas músicas na rede até mesmo para testarem a reação de seus fãs. Foi assim com a banda do ex-hermano Rodrigo Amarante, o Little Joy, que lançou suas primeiras músicas no myspace e tiveram total aprovação dos fãs.

Um outro problema é a falta de originalidade que predomina sobre o som do cenário virtual. As “formulazinhas” que antes determinavam apenas a produção da grande indústria musical são, agora, tendências presentes também na música do cyberespaço. Mas diferentes daquelas, as fórmulas atuais não são garantia de sucesso. Seu único efeito é dar a sensação de que você já ouviu aquilo antes, mas que, agora, já não parece mais interessante.

Vale a pena escutar:
www.myspace.com/arcticmonkeys
www.myspace.com/littlejoymusic

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Mobile Journalism

Pesquisando sobre os palestrantes do Intercom Nacional 2009, evento que acontece de 4a 7 de Setembro em Curitiba, encontrei o professor Fernando Firmino da Silva, doutor em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA. Ele tem um blog chamado Jornalismo Móvel (mobile journalism), onde publica as novas tendências da mobilidade, além de matérias sobre o assunto.

Uma que destaco é sobre a modernização do Correio Braziliense, de Brasília, que apostou na interação com o leitor por meio do celular. O jornal disponibilizou todo o conteúdo do impresso para celulares, para conexão sem fio ou pela própria rede do aparelho. O interessado não precisa pagar nada ao periódico para ter acesso ao conteúdo.

Além disso, quem possuir um aparelho smartphone pode abusar da interatividade por meio do QR Code, ( código de barras bidimensional, 2D, criado pela empresa japonesa Denso-Wave em 1994) que decodifica endereços para web. É um código para ser interpretado rapidamente por imagens, até as de baixa resolução como as dos celulares. Com a câmera do aparelho, é só fotografar o código no jornal impresso correspondente ao assunto de interesse, que o leitor tem acesso à rede automaticamente.


Para saber mais detalhes acessem
"http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/06/21/tecnologia,i=120440/SITE+DO+CORREIO+BRAZILIENSE+GANHA+VERSAO+GRATUITA+PARA+CELULARES.shtml"


E também o blog jornalismomovel.blogspot.com/

PS: Não estou ganhando comissão do professor para divulgar o blog (rs), mas achei interessante a discussão das novidades tecnológicas para a nossa área.

Abraços!

Georgia

terça-feira, 30 de junho de 2009

Jornalismo Étnico on-line

Uma modalidade de jornalismo instituída como instrumento de expressão em contraponto ao desinteresse da imprensa tradicional é o jornalismo indígena. Em toda a América e demais continentes há uma apropriação da Internet para produção jornalística de caráter étnico.
É certo que esse jornalismo seja incipiente e careça de capacitação. Mas o mister, a especificidade e a abrangência validam a modalidade.
O mister sobreleva no histórico de desmandos políticos e econômicos. A especificidade se perfaz na autodeterminação e nos fatos sociais e culturais peculiares. A abrangência compreende grupos étnicos na América e em distintas regiões, como na Austrália, em que a designação do autóctone é “aborígene”.
O jornalismo étnico on-line se privilegia na pragmática da Internet como a interatividade, a hipertextualidade e a glocalidade. Na profusão de notícias em rede, esse novo jornalismo sintetiza notícias e informações afins.
É também um fenômeno para a Ciência da Comunicação, sobretudo na observação de impactos da tecno-socialidade. Por ser extemporâneo e globalizado envolve implicações devido a tais características. A modalidade não surgiu nos primórdios do jornalismo e não acompanhou os estágios evolutivos das mídias. E sem a adoção de tecnologias em desuso, se institui no estado de arte da multimídia, quando a “estrada on-line” é a alternativa se a imprensa tradicional não se faz possível.

referências:
http://www.programadeindio.org/blog/
http://www.trilhasdeconhecimentos.etc.br/noticias/index.htm
http://www.indiosonline.org.br/
http://www.indigenouslawjournal.org/weblinks
http://knightcenter.utexas.edu/blog/?q=node/2446
http://knightcenter.utexas.edu/blog/?q=pt-br/node/2441
http://www.navajotimes.com/
http://www.ijnet.org/pt/node/12554

Osias Sampaio

Globo.com parte II

No mesmo dia, a outra vítima do jornalismo da Globo.com foi Michael Jackson. Ou melhor, seus fãs.
Enquanto redes de TV como CNN noticiavam a morte do astro pop, quem só tinha a internet como fonte de informação naquela quinta-feira ficaria sem saber o que realmente estava acontecendo.
Por volta das 20h, sites do mundo todo davam como certa a morte do cantor. Já a Globo.com divulgava, até às 20h38, a seguinte matéria:

Jornal e TVs dizem que Michael Jackson morreu, mas não há confirmação oficial
Rei do pop foi levado a hospital de Los Angeles nesta quinta (25).
Segundo NYT, morte teria ocorrido às 17h07, horário de Brasília.


Algum tempo depois, o portal confirma:

Michael Jackson morre aos 50 anos
Rei do pop foi levado a hospital de Los Angeles nesta quinta (25).
Ele foi declarado morto às 18h26, horário de Brasília.


Se Michael Jackson foi declarado morto às 18h26, o jornalismo da Globo.com ficou devendo num dos quesitos chave do online: a rapidez em checar informações. Afinal, levou mais de duas horas para que se confirmasse o que a maioria das TVs fechadas já explorava à exaustão naquela noite de quinta. Tanto “cuidado” seria medo de dar uma notícia errada? Ou seria falta de competência mesmo? O que vocês acham, galera?

Por Bruna Komarchesqui

Globo.com parte I

E por falar em jornalistas, diploma, ética, qualidade da informação e internet, o portal Globo.com vem, desde a semana passada, dando uma palhinha de “bom” jornalismo pra gente. Primeiro foi o caso de gripe suína na UEL. O fato mereceu manchete no portal no dia 25 de julho, data da suspensão das aulas. A matéria, no entanto, era um CTRL C + CTRL V do Comunicado Oficial da Reitoria, publicado no site da UEL.
Confiram:

O comunicado da Reitoria

A notícia dada pelo G1

De acordo com Wilmar Marçal, reitor da UEL, justificou a medida como preventiva, para evitar problemas posteriores. Segundo ele, a atividade acadêmica preconiza reuniões em locais fechados, o que facilita a difusão do vírus.

Além dos problemas gramaticais, o portal dá a entender que o Reitor Wilmar Marçal foi ouvido. Mais abaixo, no entanto, a matéria diz:

Ainda segundo o documento, as autoridades sanitárias informaram que 25 pessoas do Centro de Ciências Agrárias (CCA) e do setor de Anatomia da UEL estão afastados das atividades por dez dias. Estes pacientes são monitorados pelas autoridades sanitárias, sendo que uma paciente, servidora técnica-administrativa, está internada apresentando os sintomas da doença.

Que documento? Em nenhum momento a matéria cita como fonte a Nota Oficial publicada no site da UEL.

Perguntinha inocente: será que algum jornalista do site ouviu o Reitor Wilmar Marçal? Aliás, será que o “jornalista” que escreveu a matéria tem diploma?


Por Bruna Komarchesqui

Keep Moonwalking

Luis Antonio Palma Hangai

Ninguém falou dele, mas alguém tinha que falar!!


Desde quinta-feira (25) a mídia está alvoroçada. Ora, ninguém mais ninguém menos do que Michael Jackson, considerado por muitos como o Rei do Pop, faleceu vítima de uma parada cardíaca. Sua vida sempre foi retratada como uma fabulosa novela, quase uma paródia das aventuras infantis de Peter Pan. Desde a época dos Jackson Five - grupo musical do qual Michael fez parte juntamente com seus irmãos - o mundo se deslumbrava diante do talento incontestável do garoto negro que anos depois tornou-se “branco”. Nos anos 80 consagrou-se como o símbolo máximo da música pop ao desenvolver um estilo único de cantar e dançar. Seu ápice foi o álbum Thriler, o mais vendido de toda a história da indústria fonográfica.


Veja mais fotos de Michael Jackson



Mas nem tudo era maravilha na Terra do Nunca de Michael Jackson. Alvo de denúncias de abusos sexuais contra menores, o cantor viu sua carreira se esfacelar aos poucos. Além disso, inúmeras cirurgias plásticas lhe transfiguraram em uma espécie de extravagância midiática. Dizia-se portador de vitiligo, doença que clareia a pele e foi mundialmente criticado quando expôs um de seus filhos na janela de um apartamento em Berlim. Mas rei que é rei, jamais perde a majestade. Através de polêmicas ou de sua própria arte, ele nunca fora tratado com indiferença pela mídia. Dava motivo para piadas, é claro, no entanto qualquer sinal de que retornaria aos palcos levantava a atenção mais séria de fãs e não-fãs. Aos 50 anos, física e mentalmente debilitado, Michael Jackson teria condições de realizar mais uma turnê como prometera antes de morrer?


Ele já está em turnê em sua vida pós-morte. Basta um clique em sites de donwload e lá estará o nome Michael Jackson no topo das listas. Sua dança é relembrada e imitada, ora com fidelidade ora com humor, e suas músicas repentinamente voltaram às paradas de sucesso das rádios FM. E já correm os rumores de um DVD póstumo contendo alguns de seus últimos ensaios. O garoto prodígio de vestes brilhantes e chapéu de mafioso definitivamente nunca quis envelhecer, muito menos morrer. Ainda vai dar muita matéria-prima para os noticiários. Será o primeiro da lista também de qualquer agenda setting!


Por fim, deixo um humilde vídeo informativo que produzi às pressas (viva ao deadline) contendo performances ao vivo do cantor em sua fase áurea e algumas curiosidades.


Auuuuuuuuuuuu